Cães cheios de energia e disposição são muito comuns e o nível de atividade de cada um vai depender de fatores como idade (filhotes, assim como as crianças, são mais ativos), raça (há raças com mais “energia física” do que outras – Border collie e Shi-tzu) e educação (experiências de vida e manejo dos tutores). O que ocorre é que esses comportamentos, geralmente, são percebidos como problemáticos ou indesejados pelas pessoas. Podem ser inadequados, no entanto, por falta de limites e direcionados para objetos ou situações que desagradam a família (como no carro, em passeios, com as pessoas da casa, etc). Como as pessoas estão acostumadas ao termo hiperatividade, relacionado às crianças, acabam por, frequentemente, descrever os cães e gatos com este mesmo rótulo. Para compreender o comportamento animal e entender as diferenças entre hiperatividade e muito ativo, preparamos este artigo.
Acompanhe a leitura!
Cães podem ser hiperativos?
A maioria dos cachorros é apenas muito agitada e super motivada, pois a “hiperatividade”, como doença, é menos comum nos pets do que em pessoas. A hiperatividade se caracteriza por comportamentos anormais e de origem neurofisiológica, endócrina e até com causas hepáticas, que necessitam ser avaliados por um Médico Veterinário, especialista em Etologia Clínica, em conjunto com as pessoas da família para esclarecer a natureza desses problemas.
O que diferencia o animal muito agitado do hiperativo?
Agitado:
- Consegue dormir e relaxar;
- Não fica ofegante ou com o coração acelerado quando está em descanso;
- Reage adequadamente em diferentes situações;
- Consegue ter momentos de atenção com as pessoas;
- Maior atividade, geralmente, associada com estímulos ou eventos e monotonia.
Hiperativo:
- Não consegue relaxar nunca, parece que está sempre em movimento de alerta;
- Respiração e batimentos cardíacos são iguais em movimento ou em repouso;
- Volta de exercícios como se nada tivesse acontecido, parece que nunca se cansa;
- Não foca atenção em algo ou em pessoas;
- Comportamento independe das pessoas e do ambiente (vive num mundo acelerado e particular, sem estímulo aparente);
- São atividades solitárias pois ele (e sua doença) já são estímulo suficiente.
Mitos relacionados à hiperatividade em cães
- é comum que as pessoas acreditem que o cão seja agitado por ser ainda jovem e que um dia vai se acalmar.
- com cães machos, existe um mito de que o cão precisa cruzar para se acalmar. Não adianta procurar parceiro sexual para acalmar seu cão.
O que fazer com o cão muito agitado?
Eles parecem movidos a baterias que nunca acabam. Cadê o botão de desligar? Os tutores se perguntam. Muitos cães sofrem por excesso de energia e pela falta de exercício e de controle por parte do tutor sobre a sinalização de quando iniciar e terminar suas atividades.
Cães com pouco estímulo ambiental na maior parte do dia têm duas alternativas: ficarem desanimados e quietinhos ou buscarem oportunidades para se ocupar. Como são criativos, encontram saídas para a sua energia ao rasgar tecidos, mastigar coisas, puxar, cavar, roer móveis ou sapatos, latir, arranhar e destruir. Podem fazer tudo isso na busca desesperada de atenção e canalização da energia.
Algumas estratégias que podem auxiliar no manejo destes casos são:
- TREINE o cão para adquirir a capacidade de espera com tranquilidade.
- OFEREÇA muitas atividades físicas para o gasto de energia e enriquecimento da rotina diária (intensifique/prolongue tempo de passeio).
- MOSTRE que algumas atividades diárias do cão devem ser solitárias para que ele não fique totalmente dependente da interação com pessoas para aliviar sua monotonia.
- ESPERE. Lembre que, como as crianças, os filhotes, principalmente, ficam mal humorados e irritados quando estão cansados, por isso, precisam de um lugar tranquilo para descansar após exercícios. Espere esse tempo.
- REFORÇE a recompensa alimentar com atividades e exercícios prévios, antes do almoço ou jantar: são desejáveis e motivadoras para o aprendizado e controle do comportamento canino.
- USE brinquedos dispensadores de alimentos, pois contribuem para fazer exercício, enriquecem a rotina e reduzem a frustração causada pelo tédio.
- SEJA CLARO nas brincadeiras, ao dar sinais consistentes e em todas as ocasiões em que a atividade inicia e termina.
- DÊ ao seu cão um brinquedo para que morda enquanto você faz carinho: morder objetos ajuda muitas vezes a dissipar energia, mas direcionando para objetos corretos e permitidos pelo tutor.
Se houver suspeita da doença de hiperatividade, busque uma avaliação veterinária para diagnóstico e tratamento o mais breve possível.
Este artigo foi produzido pela diretora acadêmica e científica do Psicologia Animal, Ceres Faraco. Acesse nosso blog e tenha mais informações sobre comportamento, saúde e bem-estar animal.